Na cidade de Carnaíba, no Sertão de Pernambuco, um projeto inovador na área da educação básica foi reconhecido como o melhor do país no Prêmio Educador Nota 10, realizado no dia 28 de outubro. O responsável pela iniciativa é o professor de química Gustavo Santos Bezerra, de 32 anos, que tem trabalhado para integrar ciência e sustentabilidade na comunidade onde os alunos vivem, especificamente na Escola Técnica Estadual (ETE) Professor Paulo Freire.
Natural da cidade de Flores, também no Sertão, Gustavo tem oito anos de experiência como professor. Ele acredita que a educação vai além do conteúdo teórico. Para ele, é essencial que os jovens sejam preparados para um mundo em constante mudança, considerando não apenas o aprendizado acadêmico, mas também aspectos sociais e emocionais. “Ser professor é enfrentar desafios todos os dias, buscando contribuir para um mundo melhor e oferecendo oportunidades que nós não tivemos”, explicou.
O projeto premiado, intitulado “Dos resíduos aos recursos: proposta de reutilização dos subprodutos das casas de farinha do Quilombo do Caroá”, foi desenvolvido por Gustavo no ano passado. Na atividade, os alunos identificaram um problema: os resíduos tóxicos gerados pela produção de farinha na região. A manipueira, que é um subproduto da mandioca, é um exemplo desse resíduo, que pode causar sérios danos ao meio ambiente.
Gustavo detalhou que, ao lecionar a disciplina “Produções e invenções sustentáveis”, os alunos foram organizados em grupos para desenvolver soluções para o problema identificado. A proposta foi transformar resíduos em produtos sustentáveis, resultando em plásticos biodegradáveis, madeira, vinagre e blocos feitos a partir de materiais que normalmente seriam descartados.
O professor destaca que o projeto foi marcante, pois ele conseguiu envolver todos os 32 alunos da turma, uma conquista que normalmente não acontece em atividades de ciências. Além disso, três estudantes tiveram a oportunidade de participar da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, em Belém, no Pará, uma experiência inédita para muitos deles.
Gustavo expressa gratidão pela vitória no prêmio, que, segundo ele, não representa apenas seu esforço individual, mas sim um reconhecimento coletivo da escola e da comunidade. “É uma honra alcançar um prêmio tão significativo, especialmente por virem ótimos trabalhos de todo o país. Eu já me sentia um vencedor só por ter chegado até a fase final”, disse.
Ele também enfatiza que a educação é uma ferramenta essencial para combater desigualdades sociais. Com seu projeto, o professor espera que os alunos desenvolvam habilidades que os ajudem a pensar em soluções para a comunidade em que vivem. Para Gustavo, a conquista do prêmio reflete a luta e a resistência da população nordestina, que por muito tempo enfrentou desafios relacionados à educação e ao desenvolvimento social.
Ele conclui destacando que o prêmio é uma vitória não apenas para ele, mas para todo um povo que sempre teve suas necessidades ignoradas. “É um reconhecimento da batalha que temos enfrentado e um convite para que continuemos lutando por um futuro melhor”, finaliza.