quinta-feira, 13 de novembro de 2025
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Transnordestina é retomada com novo edital no Sertão de PE

EM 13 DE NOVEMBRO DE 2025, ÀS 14:10

O Ministério dos Transportes anunciou a abertura de licitação para retomar as obras da Ferrovia Transnordestina em Pernambuco. O edital foi publicado no início de novembro e prevê um investimento de R$ 415 milhões para a construção de um trecho de 73 quilômetros entre Custódia e Arcoverde, localizado no Sertão do Moxotó.

As obras serão conduzidas pela estatal Infra S.A., que é responsável por projetos de rodovias e ferrovias de interesse nacional. Este trecho faz parte do ramal que liga Salgueiro ao Porto de Suape, passando ainda pelos municípios de Sertânia e Buíque, na região Agreste do estado. As obras estão previstas para começar no início de 2026, com um custo total estimado entre R$ 3,5 bilhões e R$ 5 bilhões para toda a ligação entre Salgueiro e Suape. Durante a execução, cerca de seis mil empregos diretos e indiretos poderão ser gerados. Atualmente, 179 quilômetros da ferrovia em Pernambuco já estão concluídos, representando cerca de 38% da extensão planejada.

O projeto da Transnordestina é um dos mais significativos na infraestrutura brasileira, ligando Eliseu Martins, no Piauí, ao Porto de Pecém, no Ceará, e se estendendo até Suape, em Pernambuco. Essa ferrovia tem importância estratégica, pois visa facilitar o escoamento da produção agrícola e industrial do Nordeste, além de ser uma das prioridades do Governo Federal.

Histórico do Projeto

A Ferrovia Transnordestina foi idealizada no início dos anos 2000 para conectar o interior do Piauí aos portos de Pecém e Suape, com o intuito de facilitar o transporte de grãos produzidos na região do Matopiba, que inclui os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. A ferrovia também permitirá o transporte de insumos agrícolas e combustíveis, incentivando a industrialização do sertão nordestino. No planejamento original, a ferrovia teria 1.728 quilômetros de extensão, passaria por 80 municípios e o seu custo inicial era estimado em R$ 4,5 bilhões, com conclusão prevista para 2011.

No entanto, o projeto sofreu vários atrasos devido a disputas políticas, mudanças no traçado, cortes de orçamento e desistências de parcerias. Com isso, o custo triplicou e a extensão reduziu para 1.200 quilômetros. O trecho de 600 quilômetros que liga Salgueiro a Suape não está mais sob a responsabilidade da concessionária Transnordestina Logística S.A., que pertence à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Apesar dessas mudanças, o custo total da ferrovia é projetado em cerca de R$ 15 bilhões.

Segundo a Transnordestina Logística, 600 quilômetros de trilhos já estão prontos entre Paes Landim e Acopiara. A empresa espera contratar mais 100 quilômetros de obras até outubro. A CSN considera que 75% da ferrovia está concluída, incluindo as etapas mais complexas, como construção de pontes e viadutos.

Impactos e Desafios

A retomada das obras é considerada fundamental para reduzir custos logísticos e aumentar a competitividade da região. Representantes do setor industrial ressaltam que a ferrovia beneficiará diversas indústrias, incluindo a têxtil e a agrícola, além de facilitar o transporte até os portos do Nordeste.

A Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) acredita que a conclusão da ferrovia é essencial para o desenvolvimento do interior do estado e para a logística nacional. O presidente da Fiepe, Bruno Veloso, destaca a importância dessa obra para a economia regional.

Especialistas em infraestrutura apontam que, apesar do avanço representado pelo edital, ainda são necessárias clarezas técnicas e definições logísticas. O professor aposentado da UFPE, Fernando Jordão, afirma que a análise da viabilidade do trecho entre Salgueiro e Suape deve ser revisitadas a partir de estudos atualizados. Ele alerta que a Transnordestina precisa garantir que o projeto seja sustentado tecnicamente e que atenda às necessidades econômicas da região.

Para que o projeto alcance seu potencial, Jordão enfatiza a importância de um debate aberto envolvendo especialistas, empresários e a sociedade civil, para assegurar que a ferrovia cumpra seu papel de fomentar a integração e o desenvolvimento regional.

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