O Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF) tem como objetivo levar segurança hídrica a 12 milhões de pessoas em cerca de 390 municípios do Nordeste semiárido. Para isso, o projeto enfrenta o desafio de superar os desníveis naturais da região, especialmente a Serra da Borborema. Diferente de sistemas convencionais que permitem que a água escoe por gravidade, o PISF utiliza um complexo sistema de estações de bombeamento. Esse método é necessário para elevar a água captada no Rio São Francisco até os pontos mais altos do percurso. Em certas áreas, a água é elevada até 200 metros, o que equivale à altura de um prédio de 65 andares.
Bruno Cravo, diretor do Departamento de Projetos Estratégicos da Secretaria Nacional de Segurança Hídrica, destacou que a engenharia envolvida no PISF é bastante complexa, exigindo um sistema robusto de bombeamento para garantir que a água alcance locais que estão bem acima do nível do rio.
### Eixo Norte e suas Estações de Bombeamento
No Eixo Norte, que percorre 82 quilômetros, a primeira Estação de Bombeamento Intermediária (EBI-1) em Cabrobó, Pernambuco, eleva a água em cerca de 36 metros, algo similar a um prédio de 12 andares. A segunda estação, EBI-2, em Terra Nova, alcança uma elevação de 58,5 metros, equivalente a um edifício de quase 19 andares. O ponto mais alto do Eixo Norte é a EBI-3, localizada em Salgueiro, onde a água é elevada até 93,6 metros, equivalente a um prédio de 30 andares. No total, as estações desse eixo precisam superar um desnível total de 188 metros, uma tarefa essencial para que a água chegue a regiões do interior nordestino que estão acima do nível natural do rio.
### Eixo Leste e seus Desafios
O Eixo Leste é ainda mais complexo, com uma extensão de 170,6 quilômetros e seis Estações de Bombeamento de Vazão (EBV). As três primeiras estações, localizadas em Floresta, Pernambuco, elevam a água a um total de 168,47 metros, o que equivale a um prédio de 56 andares. A EBV-4, localizada em Custódia, promove uma elevação adicional de 59,2 metros. Em Sertânia, duas estações (EBV-5 e EBV-6) elevam a água mais 43,3 metros e 63,38 metros, respectivamente. Ao final, o Eixo Leste consegue uma elevação acumulada de 332,43 metros, altura equivalente a um prédio de mais de 110 andares.
### Distribuição da Água
Após as elevações, a água é transportada por canais, aquedutos e túneis, seguindo por gravidade até o próximo ponto de distribuição. Esse sistema “subir e descer” permite que a água percorra cerca de 477 quilômetros, garantindo segurança hídrica para os estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, enfatizou a importância social do PISF, destacando que a transposição de águas não apenas fornece recursos hídricos, mas também impulsiona o desenvolvimento nas comunidades beneficiadas. Com a chegada da água, a qualidade de vida nas regiões melhora, favorecendo o progresso socioeconômico.
A complexidade e a magnitude do PISF refletem sua importância para o Nordeste, transformando a água do Rio São Francisco em um recurso vital para o desenvolvimento, enfrentando a escassez hídrica e os desafios geográficos da região. Essa iniciativa está ajudando a mudar a realidade de milhões de pessoas que vivem no semiárido.