A morte é um tema que gera desconforto e diversas reflexões. Mesmo com a evolução da sociedade, o ser humano ainda encontra dificuldades em lidar com esse aspecto inevitável da vida. Muitas vezes, a forma como a morte é tratada nas conversas e na cultura é mais poética e fantasiosa do que a realidade crua do que significa o fim da vida.
Um filme que aborda essa questão de forma provocativa é “Sonhar Com Leões”, dirigido por Paolo Marinou-Blanco e que fez parte da mostra competitiva do Festival de Cinema de Gramado 2025. A obra provoca debates sobre o direito sobre o próprio corpo e a escolha de morrer, temas que podem ser ainda mais polêmicos no contexto brasileiro. Para muitos, a morte é um tabu, algo a ser evitado e que traz à mente apenas angústia e dor.
“Sonhar Com Leões” tem uma narrativa que equilibra humor e drama, utilizando a comédia mórbida para tratar de questões como o suicídio e o direito à morte. A história se inicia com uma cena impactante, reminiscentes do estilo de Quentin Tarantino, que já chama a atenção do espectador. O filme questiona se o corpo que habitamos é realmente nosso ou se é um bem do Estado, levantando a discussão sobre o controle da vida e da morte.
Ao longo do filme, o público é convidado a refletir sobre a natureza da vida e a dor que a morte provoca nos que ficam. O humor, apresentado de maneira inteligente pela atriz Denise Fraga, é um dos pontos altos da obra. Através de flashbacks e interações diretas com a câmera, a protagonista provoca uma reflexão crítica sobre temas sérios de uma forma envolvente e atípica.
O filme também se destaca por sua capacidade de tratar a morte como uma parte da vida, questionando a burocracia que envolve o ato de morrer e a ideia de que sofrer até o último momento é uma benção. Algumas perguntas surgem: a eutanásia pode ser vista como uma escolha digna? O que influencia a decisão de alguém sobre seu próprio fim? O diagnóstico de uma doença grave deve legitimar a escolha pela morte?
“Sonhar Com Leões” é uma obra que busca desafiar as normas sociais sobre a vida e a morte, estimulando o público a pensar de forma crítica e a se familiarizar com a ideia de morrer sem temor. Essa abordagem incomum e corajosa faz do filme uma experiência única no cinema nacional, levantando questões que muitos preferem evitar.