Na sessão ordinária desta quinta-feira, 27, o deputado Doutor Wanderley, do MDB, destacou um problema grave que afeta as regiões do Agreste e do Sertão em Alagoas: o desvio ilegal de água. Ele denunciou que a água de adutoras e mananciais está sendo desviada para encher tanques particulares e alimentar o comércio de carros-pipa. Segundo o deputado, muitos sertanejos, donas de casa, vaqueiros e pequenos produtores de leite passam meses sem ter água em casa, dependendo do pouco que conseguem para pagar o transporte de água.
Doutor Wanderley se questionou se esse cenário é uma conivência com a seca ou uma exploração dela. Ele ressaltou que a falta de água, algo que deveria ser um direito, se torna um negócio ilegal quando é desviada. O deputado anunciou que na próxima segunda-feira, 1º, irá solicitar ao promotor Leandro Araújo a criação de uma força-tarefa do Ministério Público. Ele acredita que esses desvios não são cometidos por pessoas comuns, mas por grupos que agem de maneira orientada e consciente de que estão errados.
Durante a sessão, outros deputados também compartilharam suas experiências e sugestões. O deputado Ronaldo Medeiros, do PT, que já foi presidente da A estrutura do Serviço de Água e Esgoto, comentou sobre como a ilegalidade está presente, com pessoas desviando água para encher grandes cisternas e vender a água em carros-pipa. Ele sugeriu o uso de tecnologia, como drones, para melhorar a fiscalização, pois a irregularidade faz com que mais de 50% da água seja desperdiçada antes de chegar aos consumidores.
A deputada Rose Davino, do PP, propôs uma solução mais institucional. Ela sugeriu que, ao contratar serviços de água, a responsabilidade fosse dividida igualmente entre o Estado e as empresas concessionárias, além de uma fiscalização mais rigorosa para evitar a transferência de responsabilidades. Por outro lado, o deputado Inácio Loiola, também do MDB, fez uma análise sobre as questões históricas. Ele lembrou que a adutora de Pão de Açúcar foi construída em 1994, projetada apenas para as sedes municipais, enquanto a população cresceu significativamente sem que a oferta de água tivesse sido ampliada. Loiola destacou o potencial do Canal do Sertão, que poderia atender 30% dos municípios alagoanos com sua vazão média.
Para Doutor Wanderley, a falta de água não é apenas uma questão de abastecimento; ela impacta a saúde pública e tem levado a um aumento da mortalidade infantil. Ele finalizou sua fala enfatizando a necessidade de punições severas para inibir essas práticas ilegais e proteger os direitos dos cidadãos afetados pela escassez de água.