domingo, 07 de dezembro de 2025
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Energia solar e agroecologia mudam vida de famílias no Sertão

EM 5 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 01:15

No Sertão paraibano, a energia solar está mudando a vida de comunidades que enfrentavam longos períodos de seca. Em localidades como Poço Dantas e Poço de José de Moura, a chegada de novos recursos e práticas sustentáveis está trazendo esperança e melhorias na rotina dos moradores. O responsável por essa transformação é o Projeto Comunidades Solares, uma iniciativa da ONG Pisada do Sertão.

Elidon Silva, um agricultor da comunidade de Lages, compartilha como a energia solar impactou seu dia a dia. Com a utilização de sistemas solares, ele conseguiu cortar seus gastos com energia elétrica em até 80%. Isso permitiu que ele irrigasse suas hortas sem pressionar o orçamento familiar. “Foi uma experiência muito boa. Agora posso usar uma bomba para irrigar as hortas sem pesar no bolso”, diz Elidon.

O projeto, coordenado pelo tecnólogo em agroecologia Pedro Alves, se destaca por oferecer formação a duas comunidades. A primeira parte do projeto oferece cursos para 60 famílias de agricultores, abordando temas como manejo ecológico, produção sustentável e convivência no semiárido. A segunda parte prepara cerca de 80 jovens de 14 a 17 anos com um curso sobre energias renováveis, que combina teoria, prática e experimentação científica.

Pedro Alves explica que, durante muito tempo, o sol era visto como um problema, mas agora passa a ser encarado como uma fonte de energia. Isso está gerando um novo olhar nas comunidades. Os jovens têm mostrado um interesse crescente ao perceber a implementação da energia solar em suas vidas. “Eles aprendem sobre como a energia solar funciona e como essa tecnologia pode oferecer oportunidades no futuro”, afirma Pedro.

Os cursos têm promovido mudanças notáveis nas práticas agrícolas. Os agricultores estão abandonando o uso de agroquímicos, plantando hortas mais diversas e saudáveis e trocando conhecimentos entre si. Nos últimos três meses, um resultado emblemático foi o plantio de 170 árvores, contribuindo para a sustentabilidade local.

Elidon relata que as formações mudaram sua abordagem com a terra. Ele aprendeu a fazer compostagem, a controlar pragas de maneira natural e a criar minhocários. Também começou a criar abelhas sem ferrão, uma prática importante para a polinização e para a produção de mel, que pode ser utilizado em remédios naturais. “Com o conhecimento que adquiri, agora consigo produzir alimentos mais saudáveis”, comenta.

O projeto Comunidades Solares recebe apoio das prefeituras locais e do Instituto Federal da Paraíba, e esses parceiros são essenciais para o sucesso da iniciativa. No entanto, o coordenador Pedro Alves reconhece que há desafios a serem enfrentados, como a forte influência da agricultura convencional e a resistência a novas práticas. “Na agroecologia, o processo é mais lento; é preciso tempo e prática para mostrar que funciona”, explica.

Entre os jovens, o desejo de permanecer no campo enfrenta dificuldades, como baixos salários, a falta de crédito e opções culturais limitadas. “Eles estão interessados, mas é necessário fortalecer a agricultura familiar para que encontrem oportunidades na região”, avalia Pedro.

Além de impactar a produção, o projeto está mudando a forma como a população vê o Sertão. Pedro observa que as pessoas começam a perceber que o Sertão não é apenas um lugar de escassez, mas um território com grande potencial para energias renováveis. “O projeto representa uma chance de devolver algo à minha terra. É como ver um sonho se tornando realidade, ao lado das famílias que confiam em nosso trabalho”, conclui. Para ele, transformar o sol de um símbolo de luta em uma fonte de vida e novas possibilidades é a essência do Comunidades Solares.

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