O sertão, tradicionalmente uma fonte de inspiração para o artista potiguar Sérgio Oliveira, conhecido como Azol, ganhou nova vida em sua nova exposição intitulada “Reinos do Imaginário”. A abertura da mostra acontece nesta quarta-feira, dia 10, na Pinacoteca do Estado, localizada na Cidade Alta.
Nesta nova fase, Azol apresenta o sertão nordestino sob uma perspectiva mística e com influências da estética medieval. A exposição conta com uma variedade de obras, incluindo pinturas, fotografias e peças tridimensionais feitas de materiais como madeira, barro, metal, porcelana, tapeçaria e mobiliário.
De acordo com o artista, “Reinos do Imaginário” é um convite para uma jornada interna. Ele descreve a exposição como um “percurso simbólico por entre ruínas de fé, fragmentos de mitos e promessas de futuro”, enfatizando que a arte serve como uma ferramenta de encantamento, reconexão e permanência. A mostra é organizada em quatro módulos que reúnem pinturas, objetos, esculturas e instalações.
Cada módulo da exposição possui uma cor, um aroma e uma trilha sonora próprios, criando atmosferas únicas que buscam traduzir a ideia de um sertão moderno. Os módulos são denominados Reino do Encoberto, Reino do Silêncio Ardente, Reino da Cruz Errante e Reino do Chão das Promessas. O curador Manoel Onofre Neto comentou que “em cada obra, reverbera o eco de um tempo que não passa, mas pulsa — onde o invisível é matéria, o sagrado é gesto e a memória, território vivo”.
Um dos destaques da exposição é uma instalação modular em madeira, que se assemelha a um castelo e apresenta nichos com diferentes cabeças de reis, além de tronos, totens, ex-votos e um gazebo que simboliza a divisão entre os reinos. Outra peça notável é inspirada nas cúpulas do Castelo de Zé dos Montes, uma famosa construção do município de Sítio Novo, no interior do estado.
Azol menciona que a ideia para a exposição começou a tomar forma durante seus estudos para a mostra anterior, “O Sertão Virou Mar”, exibida em 2022. Em suas recentes viagens em 2024, o artista se dedicou a estudar elementos gráficos da arquitetura sertaneja. Ele percebeu que as casas do interior nordestino, quando representadas de forma fragmentada, lembravam coroas. Isso o levou a desenvolver figuras humanas com traços expressionistas abstratos.
Ao expandir essa ideia, surgiram as figuras do rei e da rainha, desenhadas com características do fenótipo indígena e afrodescendente, como forma de fortalecer essa identidade. Além disso, essas figuras refletem uma mitologia ligada à monarquia. Para sua pesquisa, Azol percorreu cerca de três mil quilômetros, entrevistando pessoas e coletando memórias sobre expressões populares de fé, como o movimento religioso conhecido como Penitentes do Crato.
As viagens o levaram a cidades como Canudos (BA), São José do Belmonte (PE) e o Cariri cearense, onde ele encontrou inspiração em locais de peregrinação e mitos que influenciaram a construção dos “Reinos do Imaginário”.
A exposição “Reinos do Imaginário” promete ser uma rica experiência sensorial e reflexiva, com acesso gratuito ao público, a partir da sua abertura na Pinacoteca do Estado.