sábado, 13 de dezembro de 2025
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Mortes de personagens em novela visavam agradar conservadores

EM 11 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 17:17

Teledramaturgia Abre Espaço para Personagens LGBTs, Mas Enfrenta Censura Velada

Recentemente, na novela “Três Graças”, as personagens Lorena e Juquinha protagonizaram um momento significativo para a representatividade na televisão. O episódio que foi ao ar no dia 10 de dezembro mostrou as duas jovens se beijando, gerando repercussão nas redes sociais e colocando o termo “selinho loquinha” entre os assuntos mais comentados do momento.

O beijo, embora discreto, representou um avanço na representação de relacionamentos LGBTs nas tramas da TV, refletindo a jornada inicial de afeto entre as duas. Ao contrário de reações acaloradas que outras personagens lésbicas enfrentaram anteriormente, desta vez, as redes sociais mostraram uma recepção tranquila por parte do público, o que destaca uma mudança na percepção social sobre o tema.

Entretanto, essa abertura não é uma realidade uniforme. Historicamente, personagens homossexuais em novelas brasileiras enfrentaram resistência. Em 1998, o autor Silvio de Abreu enfrentou dificuldades ao escrever para o casal Rafaela e Leila na novela “Torre de Babel”. A direção da emissora decidiu encerrar a trama, levando à morte das personagens em uma explosão, uma medida considerada extrema na época. Silvio relatou que foi pressionado a mudar a narrativa e teve que contornar essa exigência de eliminação.

Em um contexto mais amplo, em 1988, a censura federal foi oficialmente encerrada, mas seus efeitos ainda podem ser sentidos. Mesmo antes disso, a novela “Vale Tudo” já mostrava isso com a morte da lésbica Cecília em um acidente, uma decisão que tinha o objetivo de discutir a herança entre casais do mesmo sexo. Apesar disso, havia limitações: diálogos sobre homossexualidade eram barrados por serem considerados desvio de comportamento.

Nos anos seguintes, a autocensura ainda foi uma realidade. Por exemplo, em 2005, a Globo proibiu um beijo entre personagens masculinos na novela “América”, e mais recentemente, cenas de intimidade entre outros casais foram cortadas de “Três Graças”, supostamente para acelerar a trama.

Esses episódios mostram que o moralismo ainda está presente, tentando limitar a expressão de personagens LGBTs nas novelas. A realidade atual, embora mais aberta e receptiva, ainda enfrenta desafios significativos, refletindo uma batalha contínua pela representatividade e aceitação nas telas da televisão.

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